Como Tereré chegou ao Brasil
Eu sou do sul do Brasil, da cidade de Maringá, no estado do Paraná, que fica a mais ou menos 420km do Paraguai e para o Tereré é lá que tudo começou. Na guerra do Paraguai os soldados já tinham o costume de tomar Erva Mate, mas consumiam quente. Para não alertar os inimigos eles não podiam acender fogueira para esquentar a água e tomar o Mate, então usavam a água gelada mesmo e foi ai que o Tereré começou e virou uma tradição muito forte que se espalhou por todo o Paraguai e para os estados brasileiros que fazem fronteira, Paraná e principalmente Mato Grosso do Sul. Os estados do Mato Grosso e algumas partes do estado de São Paulo apesar de não fazerem fronteira também tem o costume de tomar Tereré. Hoje em dia tomamos com muito gelo e o tipo de Erva Mate mais comum para o preparo, além da tradicional(sem nenhuma adição), são as ervas que levam Menta, Hortelã, Boldo, Limão e Burrito.
Conheça a versão Brasileira do hot mate, Chimarrão
Para tomar Tereré nós usamos Guampa (É feito de chifre e é o símbolo do Tereré), bomba e uma térmica com muito gelo. No Paraguai quando está frio eles tomam a Erva Mate quente, que eles dão o nome de apenas: Mate. Mas não mudam nada além da temperatura da água, a erva e todo o resto é o mesmo. No calor eles tomam gelado, ai sim o Tereré.
No Brasil é um pouco diferente, Tereré é o gelado e quando tomamos quente chamamos de Chimarrão, que tem um jeito bem particular e mais complicado de ser preparado, o principal motivo é pela erva usada no Chimarrão ter uma moagem bem mais fina, mas é mais comum ser consumido nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Erva Mate brasileira é mais verde, mais leve e menos envelhecida (estacionada como chamam os paraguaios, o que da uma cor mais escura e um sabor mais amargo) que a do Paraguai. Aqueles que gostam de algo mais forte vão preferir as paraguaias e aqueles que preferem algo mais leve, fresco e fácil de tomar vão gostar mais das brasileiras. O Brasil é de longe o maior produtor de Erva Mate do mundo e o maior produtor brasileiro é o Paraná.
A bela cultura de Yerba Mate
Eu comecei a tomar Tereré com 11, 12 anos de idade (hoje tenho 26). E com o tempo eu comecei a me interessar mais pelo assunto, a procurar diferentes ervas, de diferentes estados brasileiros e também do Paraguai, Uruguai e Argentina, diferentes recipientes e maneiras de se tomar e principalmente, eu me apaixonei pelo modo como cada pessoa, cada região tem um modo particular de tomar o Mate. Quente, frio, puro ou com outras ervas, na guampa, na cuia (É todo recipiente que não seja de chifre.), Palo Santo, entre outros. É maravilhoso ver como o Paraguai trata o Tereré, eles tem o dia nacional do Tereré e é muito comum ir para o Paraguai e ver as pessoas na rua com guampa e térmica na mão, com o Tereré nas suas mesas de trabalho, trocando o café pelo Mate no café da manhã, entre tantos outras atitudes que valorizam essa cultura.
Eu sou um grande fã de tudo que envolve a Erva Mate. No Brasil e em outros países da América do Sul é muito comum o chá mate, uma infusão da folhas torradas da Erva Mate. Você vai encontrar essa infusão em quase todas as casas, escolas, escritórios e em cada canto desses países, geralmente ao lado de uma garrafa de café.
Yerba Mate deve ser compartilhado
O que faz as pessoas serem apaixonadas pelo Tereré, Chimarrão, Mate, é o fato de que é geralmente tomado com os amigos e familiares. Ao contrário das outras bebidas que cada pessoa tem seu próprio copo, o Mate é feito para ser compartilhado, passado de mão em mão, nós servimos a próxima pessoa que vai tomar como uma forma de demonstrar respeito e amizade, querendo que aquela pessoa também aproveite e participe daquele ritual.
Eu criei a conta Tereré / Mate no Instagram para que eu pudesse compartilhar apenas sobre a Erva Mate, sem publicar na minha página pessoal, então eu poderia ter mais liberdade para expressar minha grande paixão por essa bebida que tem uma linda e grande relação com os povos nativos da nossa região, com um costume que está profundamente enraizado na nossa cultura. Nós tomamos no frio e no calor, quente e/ou gelado, puro ou com outras ervas, mas nós tomamos todos os dias, é o nosso estímulo diário e é a valorização do nosso povo, da nossa história. Viva a Erva Mate, Yerba Mate, Ilex Paraguarienis!
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